7.3.09

oportunidades

Nunca nos zangámos, mas também nunca fomos grandes amigas. Apesar de termos frequentado a mesma turma, não conversámos muitas vezes. Havia uma certa antipatia no ar. Tudo por causa de uma paixão do ciclo e de uma história "complexa" na qual os três estávamos envolvidos. Pelo menos era assim que eu via.

Muda-se de área e de amigos, ela foi também. A minha turma, enorme como era, acabou reduzida a meia dúzia de pessoas. E eu mudei o círculo de convivência. Depois disso só acompanhei a maior parte deles em esporádicos encontros. De repente aparecia sempre alguém, que dizia “Lembras-te dela, dele? Sabes o que aconteceu?".

De vez em quando encontrava-a. Naquela fracção de segundos pensava se a cumprimentaria. Mas como ela raramente me reconhecia, achei melhor esquecer esse assunto. Pensei que não faria sentido, afinal, não éramos amigas. Apenas tínhamos os mesmos amigos, o que é uma grande diferença. Preferi perder a oportunidade.

Agora ela está cá. Vejo-a novamente. Por coincidências causadas por acontecimentos coordenados de segundos. Temos tanto para conversar, pensei por momentos. Depois dessa constatação, um belo sorriso e uma conversa agradabilíssima.

Em poucos minutos falámos das nossas vidas. Em questão de segundos a antipatia cultivada há anos transformou-se em carinho. Quando somos adolescentes, as coisas tomam uma proporção infinitamente maior do que realmente são. Agora percebemos que poderíamos ter resolvido as questões de outra forma. Era tudo tão simples.

Lembrei-me de uma frase do filme Benjamim Button. É preciso aproveitar todas as oportunidades, até mesmo as que por uma vez perdemos.