28.3.05

Meditar

No domingo, terminaram as comemorações do meu estado. E ao chegar a casa ganhei o meu maior presente: Uma manhã. Que se abria em rosa, creme e azul, celeste como deveria ser. Mostrando a noite fria e húmida, com o seu odor de baunilha. Retirando a noite de mim, lavando com beleza o insuportável cheiro dos cigarros de alguém. Já não o sentia, já não pensava. Os meus dedos já não me doíam, e a minha maquilhagem deixou de estar borrada. Éramos só nós dois, numa surpresa mais que inesperada. Eu e o meu outro eu, apenas para mim. Eu, que ao ver a transformação das trevas em luz, fui e sou privilegiada. Um universo de cores, abriu-se para mim. Não teve o saudosismo do meu conhecido pôr do sol. Não teve o encanto ou a ideia de fim. Teve, sim, a atitude de quem começa uma jornada, de quem está por despertar. O palco para grandes feitos, a iluminação dos grandes actos. O facto do qual ninguém pode escapar. O meu presente favorito. Que guardei aqui, no castanho da íris, na junção dos pensamentos. Na esperança das coincidências. Justo aquelas, as quais não acredito. Disseram-me por fim. Para mim, e mais ninguém. Que o universo me ama. E eu também.