Chamaram-me exótica, mais uma vez na vida. Exótica tem o sabor da qualidade das aves perdidas e multicores, de penas longas e natureza extinta, espantadas, tagarelas. Difícil é lidar com o que definha as minhas condições de normalidade. Exótica é tudo o que não quero por perto nestes dias de calor, num dia de sair sem asas, num dia concreto e aborrecido. Exotismo vem da margem impossível do olhar alheio, da parte que não me toca, do deslocamento de partículas criativas a meu respeito sem nenhum respeito, da tentativa de sistematização do meu carácter. Chamaram-me exótica e a minha univocidade saltitou além dos meus limites, aos berros e safanões, por não estar preparada para ir além deles que aliás, construí com tanto carinho.
Complicado, não?