12.2.07

mais do mesmo

É triste constatar que:
A questão da despenalização do aborto dá a Portugal uma imagem de país arcaico e retrógrado onde a ignorância ainda está entranhada nas mentalidades e onde a influencia clerical ainda tem um peso notável.
Os especialistas dizem que os fetos só começam a ter uma certa consciência rudimentar no segundo trimestre da gravidez. No fim do primeiro trimestre o feto pode já ter alguns reflexos inconscientes, mas ainda não responde ao seu ambiente de uma forma que sugira sensibilidade. Como é que se pode dar a um organismo inerte o estatuto moral suficiente para extrapolar todas os direitos das mulheres?
Para a igreja um óvulo fecundado tem o mesmo estatuto duma criança. Por esse raciocínio tomar a pílula do dia seguinte é tão grave como matar uma pessoa, o que me parece profundamente ridículo.·Os direitos à liberdade, autodeterminação e integridade física não podem ser extrapolados por uma lei que assenta apenas numa crença de inspiração divina à qual nem todos os cidadãos são obrigados a obedecer pois também temos o direito à liberdade religiosa.

As católicas podem não abortar (ninguém as impede de terem um bebe que não querem se despenalizarem o aborto) mas não podem obrigar os outros por lei a obedecer à mesma crença.